PERDER O RUMO DE CASA_
MOSTRA DE AÇÕES ARTÍSTICAS REMOTAMENTE URBANAS DA QUANDONDE
[...] a Desordem (com maiúscula) é aquela lógica e aquele rigor que provocam a experiência do desconcerto em mim e no espectador. A Desordem é a erupção de uma energia que nos coloca diante do desconhecido. [...] A Desordem (com maiúscula) pode ser uma arma ou um remédio contra a desordem que nos assedia, dentro e fora de nós. [...] Quando a Desordem nos atropela, tanto na vida como na arte, de repente acordamos num mundo que não reconhecemos mais, e que não conhecemos ainda.
Eugenio Barba, em Queimar a casa: origens de um diretor.
Em 2020, perdemos o rumo de casa. Fechados - mascarados e quarentenados - dístopes e distantes - extinguido farol, que antes iluminava a relação público-privada que nos faz parte da urbe. A casa à deriva. Sem rumo e sem o rumor da acolhedora vizinhança, vimos o espaço de acolhimento ser tomado pela desordem.
Em 2021, foi inevitável que esta mostra se pautasse na Desordem: Desordenamos o caderno de co-operações - metodologia de criação concebida na quandonde para produção de ações em intervenção urbana - para a constituição de ações remotamente urbanas que compartilhamos neste evento.
Ações que mapeiam afetos em velocidade e homenageiam os novos corpos a surgir, insurgir, ressurgir. Diante de nossos corpos abandonados, casulos do amanhã.
“Perder o rumo de casa_mostra de ações artísticas remotamente urbanas da quandonde” é um evento da plataforma de intervenções urbanas em arte ligado à Faculdade de Artes do Paraná (UNESPAR Curitiba II). Durante quatro dias (25 à 28/NOV/2021) nossos integrantes compartilharam ações que são fruto de trabalho colaborativo realizado dentro da quandonde nos últimos quatro meses. Foram realizadas duas ações por dia seguidas de discussões sobre os trabalhos, compartilhamento de impressões e inquietações provocadas pelas apresentações.
Agradecemos imensamente a todes que puderam comparecer aos encontros. Eles foram gravados, editados e estão disponíveis para serem assistidos AQUI. Abaixo é possível conhecer cada uma das artistas e a sinopse de cada criação que compôs a programação da mostra.
Esperamos que tenha sido tão divertido para você quanto foi para nós!
O CORPO QUE VAI, O CORPO QUE FICA - 25/11 - 20:00
Saia e corra, respire e pare. Habite.
Sinta esse atravessamento do espaço urbano no seu ambiente familiar, permita que os ares e sons do fluxo das ruas te desloquem para outro lugar, um lugar que se cria em cima do seu real, um lugar que você cria no agora.
COM LEONARDO MENIN
Graduando em Artes Cênicas pela Universidade Estadual do Paraná (CURITIBA II - FAP), artista da cena e interessado nas confluências entre a arte urbana e a atividade esportiva. Desenvolve com o professor orientador Diego Elias Baffi, uma pesquisa de iniciação científica que busca integrar as práticas de deambulação urbana com a modalidade esportiva da corrida de rua. Traz na sua ação uma experiência sensorial que busca compartilhar as ideias de sua pesquisa.
OUTONO - 25/11 - 20:30
É primavera, mas nem tudo são flores. Como lidamos com as folhas secas que caem diariamente no chão? Como lidamos com as nossas partes que se desprendem de nós? A proposta é entrar em contato com esses restos, fazer luto da parte do nosso corpo que morre diariamente, trazer o olhar para isso que aparentemente não nos serve mais, mas que por meio disso sobrevivemos, resistimos e chegamos aqui.
COM JAQUELINE SILVA
Doutoranda em Artes Cênicas, mestre em Ciência Política e bacharela em Gestão de Políticas Públicas e em Direito pela Universidade de Brasília. É gestora pública, pesquisadora da Escola do Reparar, do Grupo Política e Afetos (Câmara dos Deputados), do Grupo de Pesquisa sobre Relações entre Sociedade e Estado (UnB) e da Escola de Teatro Político e Vídeo Popular (UnB). É bailarina convidada da Companhia de Dança Antistatus Quo (DF), cujo Núcleo de Formação integra desde 2015. Também participa do processo de formação na técnica Klauss Vianna pelo Salão do Movimento (SP). É técnica em violão popular, pela Escola de Música de Brasília, tendo integrado a Orquestra de Violões até 2008. Investiga e experimenta os diferentes artivismos, presenciais e virtuais, a micropolítica e a relação entre estética e política nas performances de atores/ movimentos sociais, realizando composições a partir de corpos reciprocamente afetados.
ME AJUDA A MAPEAR SEUS AFETOS? - 26/11 - 20:00
Como é sua relação com seus afetos? Você costuma lembrar os caminhos que eles tiveram em você? Você tem o hábito de tracejar em si mesmo rotas de memória afetiva? Você me ajuda a traçar tudo isso, em mim?
COM EDDUARDA PORCOTE
Graduanda em Artes Cênicas pela Universidade Estadual do Paraná (CURITIBA II - FAP) atriz e profundamente interessada nas relações afetivas que a arte urbana pode proporcionar aos transeuntes e artistas. Desenvolve com o professor orientador Diego Elias Baffi uma pesquisa de iniciação científica que busca identificar com técnicas situacionistas como deriva e psicogeografia, as relações de amabilidade urbana e como transformar a cidade em um espaço curativo. Traz em sua ação uma cartografia de cura, que procura entender a cidade e seus lugares de afetos.
NA CARA DO CANCELAMENTO: JOGUE COM A VERDADE! - 26/11 - 20:30
O que fazemos quando tudo nos incomoda? Quando tudo que interessa nos afeta, traz reverberações, reflete em nós, no nosso inconsciente ou ao nosso redor de alguma forma? Tudo o que tentamos entender sozinhos, lutamos para ocultar emoções e histórias que não pertencem somente a nós, a ação de hoje traz como reflexão o que em nosso interior mais profundo tem de verdadeiro, de troca e pertencimento, transformando o plural em um.
COM LAURA ROGOSKI
Graduanda em Artes Cênicas pela Universidade Estadual do Paraná (CURITIBA II - FAP), atriz com interesse voltado para pesquisa, desenvolvendo um iniciação científica orientada pelo professor orientador Diego Elias Baffi que segue com o tema “Não tire a máscara! Mascaramento social como interstício para arte urbana” que tem como objetivo propor um olhar sobre a contemporaneidade a partir dos efeitos do uso do mascaramento enquanto dispositivo que permite a adoção de identidades temporárias em contextos extra-artísticos.
O QUE ME MOVE? - 27/11 - 20:00
Mover por significado é mudar de lugar, de um lado para outro, agitar-se. Movemos objetos, nossos corpos e ideias, de forma consciente ou induzida. Mover-se para algo, para alguém, para onde. Mas, afinal o que me move?
COM MICHELE ZONIN
Formada desde 2016 no Curso Normal, passou a atuar em escolas do município de Erechim-RS com aulas e oficinas de Teatro em diversos níveis de ensino, recebendo treinamentos e participando de espetáculos pela empresa Hilarion Cultura e Educação Ltda., além de ser convidada para coordenar aulas de Teatro em um Curso Pré-Vestibular da mesma cidade. Em 2018, entrou no Curso de Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Erechim, em que desde o primeiro ano de graduação passou a estudar e pesquisar sobre a interdisciplinaridade do saber Geográfico e a potencialidade do Teatro como metodologia de ensino. Na Universidade sempre está envolvida com a programação e organização cultural e de atividades do Curso de Geografia, estando como membro do Grupo de Teatro Devassos da Instituição. Foi bolsista de Iniciação à docência pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), Programa Residência Pedagógica e atualmente é bolsista de Iniciação Científica e participa de grupos de pesquisa em Geografia e Intervenções Artísticas Urbanas vinculados a UFFS e a UNESPAR respectivamente, buscando sempre dialogar com ambas as áreas.
ANDANÇAR - 27/11 - 20:30
Andar dançante. Dança andada. Andançar na mata. Dar tempo e espaço para sentir a inseparabilidade, reciprocidade e sincronicidade corpo-ambiente. Permanecer no ponto de força, esperar que a encantaria se revele, permitir que a magia aconteça. Andança comigo?
JULIANA LICONTI
Doutoranda em Artes Cênicas pela UNIRIO, Mestra em teatro pela UDESC, Bacharela em artes cênicas pela UNESPAR-FAP e tecnóloga em Comunicação Institucional pela UTFPR. Investiga a arte da performance como um processo de desacostumar o olhar interpretativo e pré-conceituoso a fim de abrir-se para os encontros, desfazendo a hegemonia da visão e encontrando outras sensibilidades possíveis: uma pele que saboreia, uma língua que vê, um olho que cheira.
CORPO MONÓLITO: ANUNCIAÇÃO - 28/11 - 17:00
Você tem medo do escuro? Por causa dele ou dos seres que vivem dentro dele? Ou melhor, dos seres que lá planejam sua ruína? Sempre estivemos aqui, vocis vieram depois. No extremo limite do universo, a matéria escura consome a luz e foi um erro acreditar que nos lançando para o escuro infinito da incógnita, aonde vocês não podem nos ver estariam acabando com nós.
A GUERRA
Graduanda em Pedagogia pela UFPR - Universidade Federal do Paraná. Graduanda em Tecnologia do Design de Moda pelo SENAI/PR. É multiartista, que estuda e propõe uma interseção de linguagens visuais (colagem, bordado e fotografia) com a escrita. Corpo dissidente sexual e desobediente de gênero se interessa por performance e construção de novos imaginários destacando as construções culturais sobre corpos como uma ficção ou um delírio coletivo generalizado. Entre seus temas de interesse estão: a memória, a semiótica e a análise de discurso, gênero e sexualidade e narrativas (auto)biográficas.
1º CONVITE: PARA PESSOAS INTERESSADAS NA MUDANÇA - 17:30
É hora da mudança! Neste domingo, iremos nos juntar para realizar o primeiro passo no sentido de uma mudança coordenada, coletiva, construída pela escuta e pelo consenso. Esperamos que você se junte a nós nessa caminhada.
DIEGO BAFFI
Doutor em Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) com Estágio Doutoral na Universidade Livre de Bruxelas (ULB), Mestre em Artes e Bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) é docente do Curso de Bacharelado em Artes Cênicas da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) lotado em Curitiba Campus II (FAP) na cadeira de Dramaturgia e Processos de Criação Cênica. Se dedica a reinvenção da cidade através de ações urbanas em arte, atuando como interventor, palhaço e coordenador de processos acadêmico-criativos na área.